quinta-feira, 5 de março de 2009

Lições do Fracasso

Lições do fracasso
Em seu discurso para formandos de Stanford, Steve Jobs, o criador da Apple, conta onde encontrou forças para vencer seus piores momentos, inclusive a demissão
Por Ana Luiza Herzog
É natural que em uma cerimônia de formatura os convidados ilustres discursem sobre como o Ensino Superior será crucial no desenvolvimento da carreira dos alunos. Se o evento é da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, uma das mais renomadas do mundo, é de se esperar que os elogios à educação formal sejam ainda mais exacerbados. Mas, ao falar para os formandos de Stanford, no mês passado, Steve Jobs, fundador da Apple, não seguiu a regra. Ele começou contando por que abandonou a faculdade e de que maneira essa decisão influenciou na criação, anos mais tarde, de uma das empresas mais criativas e inovadoras do mundo. Steve, claro, não desmereceu as universidades. Ele apenas aconselhou os formandos a valorizar a intuição e os sentimentos. Seu discurso emocionou o público e, já transformado em spam na internet, vem inspirando mais gente mundo afora. Veja aqui os principais trechos de sua fala:

A FORMAÇÃO
"Eu larguei o Reed College, mas fiquei enrolando por mais uns 18 meses antes de realmente abandonar a universidade. Por que eu larguei a escola? A explicação começa antes mesmo do meu nascimento. Minha mãe era uma universitária solteira que decidiu me entregar para a adoção. A condição, no entanto, era que eu fosse adotado por um casal que tivesse ido para a faculdade. Minha mãe des-cobriu mais tarde que meus pais adotivos nunca passaram pela faculdade. Mas eu fui para a universidade 17 anos mais tarde. Só que eu não tinha idéia de como a universidade poderia me ajudar. Foi quando decidi acreditar que tudo ficaria bem. Não que tudo tenha sido romântico, mas muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Um exemplo: o Reed College oferecia uma das melhores formações em caligrafia do país e eu resolvi freqüentar as aulas. Aprendi sobre como se faz boa tipografia. Dez anos mais tarde, quando criávamos o primeiro computador da Macintosh, colocamos tudo isso no Mac. É claro que era impossível conectar todos esses fatos olhando para frente naquela época. Você só consegue fazer isso quando olha para trás. Por isso, de alguma forma você tem de acreditar que os fatos farão sentido no futuro. Você tem de acreditar em alguma coisa -- na sua garra, no seu destino, no seu carma, em qualquer coisa. Essa maneira de enxergar a vida faz toda a diferença para mim."

A VIRADA
"Eu descobri cedo o que queria fazer na minha vida. Eu e meu sócio começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e em dez anos a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares. Nós tínhamos acabado de lançar nossa maior criação -- o Macintosh. E aí fui demitido porque, quando a Apple cresceu, contratamos outros diretores para a companhia. E nossa visão de futuro começou a divergir. Após a demissão fiquei sem saber o que fazer. Mas lentamente comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido foi a melhor coisa que podia ter me acontecido, pois me deu liberdade para começar um dos meus períodos mais criativos. Nos anos seguintes, criei a NeXT, depois a Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa, que se tornou minha esposa. A Pixar fez Toy Story e é o melhor estúdio de animação do mundo. A Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar."

O CORAÇÃO
"Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, ele realmente será o último". Desde então, eu me pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?"E se a resposta é "não" por muitos dias, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para tomar grandes decisões. Porque expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar caem diante da morte. Não há razão para não seguir o seu coração. Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer no pâncreas. O médico me disse para ir para casa e me conformar. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia. Os médicos viram que o tumor podia ser retirado. Eu operei e fiquei bem. Como passei por isso, posso dizer: o seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição."

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